Uma rasteira da vida mudou completamente a rotina do casal Genilson Nascimento, de 33 anos, e Priscila Freitas de Souza, de 30. Desempregados desde 2015 e sem dinheiro para pagar o aluguel da casa em que viviam em Vicente de Carvalho, em Guarujá, eles foram despejados e passaram a morar nas ruas de Santos. Diante da situação, coube a Genilson relembrar dos ensinamentos de sua avó e confeccionar peças de crochê para sobreviver.
Nas mãos habilidosas do desempregado, as linhas se tornam centros de mesa, sousplat e outros artigos para decorações. O dinheiro que conseguem com a venda das peças, ele e a esposa compram, literalmente, o pão de cada dia.
E é desse jeito que a gente está sobrevivendo. Prefiro assim do que ficar pedindo (dinheiro na rua) porque tem gente que não gosta, xinga e humilha. Por isso, faço os meus crochês e vendemos para comprar o nosso prato de comida
Sempre disposto e o tempo todo com um sorriso no rosto, Genilson, que fica ao lado de uma sorveteria no cruzamento da avenidas Conselheiro Nébias com Vicente de Carvalho, conta que aprendeu a arte do crochê aos 12 anos, só observando a sua avó materna, Zila de Jesus, que morreu com 80, fazendo peças semelhantes para as amigas, em Bertioga.
Apesar de saber fazer isso desde criança, só agora que a situação apertou bastante é que comecei a confeccionar peças de crochê para vender. E eu sei fazer vários modelos. Escrevo nomes, faço símbolos de times de futebol, desenhos. A única coisa que peço para quem se interessa é que compre as linhas, porque não tenho dinheiro pra isso.
Genilson conta que costuma vender, em média, uma ou duas peças por dia por cerca de R$ 30,00. “Depende do tamanho do produto”, explica ele. Quando isso acontece, o casal arruma as mochilas e vai pernoitar em um hotel. “Faço isso, porque lá a minha mulher pode tomar um banho e descansar bem. Viver na rua é muito ruim. Não dormimos direito, porque já aconteceu de levarem as nossas coisas
Pais dos pequenos Richard e Murilo, de 12 e 7 anos respectivamente, o casal sonha em alugar um canto para voltar a viver com os filhos, que hoje estão com a avó materna, em Vicente de Carvalho.
“Na casa da minha sogra ainda estão os nossos dois cachorrinhos. Alugar um quartinho é o maior desejo que tenho na vida. Queria que o dinheiro dos tricôs rendesse para conseguir juntar (o suficiente), mas não tem acontecido. Por isso, quem puder ajudar a gente de alguma forma estará realizando o sonho de uma família inteira”, revela Genilson, enquanto costurava um centro de mesa natalino. Esse é para uma moradora de um prédio aqui do bairro. Nem dormi essa noite. Fiquei costurando, porque quero terminar rápido”.
Genilson acredita que se juntar cerca de R$ 900,00 para pagar o primeiro mês de aluguel conseguirá dar um rumo melhor à sua vida. Hoje, esse objetivo ainda é inviável por falta de dinheiro e por não ter onde guardar as peças de crochê não vendidas.
Retirado: Agazeta
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